Aconteceu no concerto
de Mariza, com Dulce Pontes e agora no do Carminho. Há pessoas que provavelmente
não vão suficientemente motivadas para assistir a determinado tipo de
espetáculo, ou pior que isso, a não deixarem assistir quem quer usufruir do mesmo.
Na quinta feira passada, através de grafonolas vizinhas, tomei conhecimento que
o pai da Teresa não ainda não tem alvará;
que a Susana se divorciou “do homem”; que a Tina e o Carlos estão à rasca para
pagar a casa ao banco; que o Ângelo não tem emprego nas pedreiras e que já lhe tinham tirado quinhentos euros por mês; no
capítulo das fragrâncias, também ficamos a saber que o perfume dos chineses
cheira a mijo de gato. Foi um emissão de notícias cor de rosa,fora de sede
própria. Enfim, quase um zapping
entra as novas da socialite life
local e os fados de Carminho.
É provável que alguma, ou muita desta gente, vá no
séquito camarário das borlas, sempre convidativo ao passar por lá e, se não for
por mais nada, nem que seja para dar uma vista de olhos, sei lá, ver alguém. Tudo bem.Mas façam o favor de
deixar ouvir quem pagou o seu bilhete, porque gosta deste tipo de música. Já no
velho épico da cinemateca nacional “A Canção de Lisboa” entre palavras perdidas
dos boémios pedia-se:”Silêncio que se vai cantar fado”. Que se soltem os acordes musicais das
guitarras, das violas e das vozes que assim cantam Portugal e que nos deixem escutar.
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